sábado, 22 de novembro de 2008

Mulheres na arte

Veja este interessante vìdeo que faz um resumo/recapitulação das diversas mulheres pintadas por diferentes artistas ao longo de séculos.

Foto de Rui Dias - Antropomorfismo

Legitimação e Gatekeeping

O Atelier, o Museu e a Cidade - os três, têm uma relação directa com a legitimação e distribuição da arte. Na verdade, se o atelier tem sido um pólo fundamental de definição do mundo artístico, quer estabelecendo uma cadeia produtiva nas artes, quer como lugar de edificação de uma cadeia de distribuição no tecido cultural, o museu é participante nos processos de autonomização da criação artística por propiciar ou facilitar os processos sociais de recepção artística e legitimar o artista e a sua obra. Enquanto que a cidade, tem a sua importância não só no debate do papel social da arte, mas também por ser co-participante com o museu e as instituições existentes na polis, nos processos de legitimação.
Contudo, no universo da arte contemporânea, existem outros intervenientes nos processos de legitimação e gatekeeping umas vezes invisíveis outras mais visíveis que sustentam, enquadram, promovem ou destroem o objecto artístico e/ou a carreira artística de seus autores. Embora, este tema tenha estado presente em todas as épocas e lugares, contendo muitas variáveis que tornam imprescindível uma actualização contínua, seria interessante uma reflexão que abordasse apenas a situação actual e a especificidade do panorama português, no universo das artes plásticas. Hoje, além do artista como produtor, do atelier, do museu e da cidade, são elementos intervenientes na legitimação e distribuição da arte, a crítica, os media, as instituições privadas e os intermediários culturais .
Estes últimos são uma parte importante e cada vez mais preponderante na legitimação da arte. Embora estejamos conscientes que se trata de um tema polémico, porquê evitá-lo? Decerto, será estimulante reflectir sobre um assunto que está intrinsecamente ligado à distribuição da arte e por consequência, à preservação e apresentação das obras de arte em geral, (quer em galerias, quer em museus ou colecções particulares) e de modo directo ou indirecto tem reflexos sobre a criação e a produção, tenha ela lugar no atelier ou não. Assim, voltaremos ao assunto com toda a certeza.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

MUDANÇA NO CONCEITO DE OBJECTO ARTÍSTICO

As novas tecnologias proporcionam uma transformação ao nível do conceito de objecto artístico, que cada vez mais é virtual, imaterial e ubíquo.
As Novas Tecnologias podem alterar a nossa relação espaço-tempo, dado que o espaço físico se dilui, permitindo-nos alcançar outros espaços simultaneamente, ao passo que modifica também o nosso imaginário. Em vez de interpretar a imagem a partir do real, com o uso da tecnologia electrónica a imagem de hoje torna visível um mundo virtual. Quando se utilizam novas tecnologias com propósitos artísticos, há uma transferência de utilização consciente dos materiais da ciência para a arte.
Nem a tecnologia por si só é a arte nem a arte é apenas a tecnologia. A tecnologia adquire a função de suporte técnico, e de ferramenta que quando colocados ao serviço do acto criativo, passa a mediar entre um ser criativo e o outro, veiculando a experiência gráfica e plástica adquirida e transmitida.
Ao mesmo tempo permite, como no caso da Internet a eliminação dos intermediários culturais entre os artistas e o público, tornando este um espaço público de exposição. Assim, o computador é simultaneamente, ferramenta, suporte técnico, um meio de produção e um canal de divulgação. O observador, é também um elemento actuante que se encontra imerso no ambiente criado o que possibilita um sentir a experiência disponível de maneira vívida e diferente.
Este público é chamado a participar passando a ser interventor e não apenas espectador/fruidor. O espectador passou da contemplação, à participação, e agora da participação à interacção implicando o fruidor no processo criativo.
O termo participação, no contexto da arte contemporânea, refere-se a uma relação entre o espectador e uma obra de arte aberta, já existente, enquanto que o termo interacção implica um jogo de duas vias, entre um sistema individual e uma inteligência artificial, que permite oportunidades sem precedentes no âmbito da criação.
Aqui, surgem as questões polémicas. Quem é o autor? O artista que produziu o objecto, ou o fruidor, que pode intervir, interagir ou seleccionar o que lhe interessa da obra? O artista, ou máquina, se for um produto obtido a partir de dados aleatórios? Haverá, seguramente, uma necessidade de redefinição do Objecto Artístico e do conceito de Arte
No espírito das transtextualidades, não existem mais fronteiras entre Arte, Ciência e Tecnologia, mas intersecções entre elas sendo enriquecedoras em sentido criativo e cultural.
Porém, cuidado! Há aqui o risco da massificação, e por consequência o empobrecimento cultural e artístico.

ARTE, COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS

O objecto de arte dá testemunho acerca do modo peculiar de estar no mundo, dos diversos meios que podemos usar para construir o mundo e também a visão que deste temos. Podemos afirmar sem sombra de dúvida que os artistas em geral, e os artistas plásticos em particular são agentes de civilização e cultura. Não podemos afirmar que a arte seja comunicação, porque pode ter um objectivo diametralmente oposto ou ultrapassá-lo. Uma obra de arte pode ser hermética, quebrando ligações, ou pode ter uma infinidade de leituras, que em ambos os casos não tende para a clareza que é condição necessária para a comunicação. Mas, podemos dizer que os artistas são agentes de civilização e cultura e comunicam a sua percepção do mundo. Ou comunicam modos de ver que conferem caracterizações, sendo objecto de interpretações.
A busca incessante do “novo” impele o artista a usar os mais diversos campos experimentais, considerando o amplo espectro dos meios de intervenção que a ciência e as novas tecnologias lhe permitem desde o século passado. Mas isso também o obriga a obter formação técnico/científica em vez de apenas artística.
Cada vez mais é necessário um trabalho colectivo para se obter novas formas artísticas. Provavelmente teremos de usar no futuro a palavra laboratório em vez de atelier, tal como cada vez mais se usa projecto em vez de obra. Quando falamos em trabalho colectivo não nos referimos apenas a um grupo de trabalho, como uma equipa, mas uma colaboração interdisciplinar, que propicie uma partilha de conhecimentos que permitam e induzam a novas abordagens dos temas.
Tendo em conta que as fronteiras entre as áreas do conhecimento se esbatem, este trabalho de conjunto ou de equipas mistas artistas e cientistas, permitem desenvolver novas formas de expressão, ou mesmo novas formas de arte. São duas fontes de criatividade que cooperando na mesma direcção, terá como resultado novas propostas estéticas, culturais e artísticas, que advêm da obtenção de novas imagens expressões e conceitos.