quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

THEMENOS, ARQUITRAVE, FRISO E PROPORÇÕES DO TEMPLO ROMANO DE ÉVORA

De volta ao templo romano e à sua caracterização, falemos agora do espaço à volta do templo, às proporções do edifício sagrado e a outros aspectos como a arquitrave, o friso e a algumas conclusões.

Thémenos
Refere-se ao espaço em volta do templo, que deve ser tratado como se fosse o domínio pessoal da divindade, que no caso de Évora, envolveu o templo por três lados e que foi cercada por um criptopórtico, cujos restos foram detectados em várias zonas, por entre os edifícios de outras épocas. Em redor do templo, nos mesmos três lados, em forma de U, (a Oeste, Norte e Leste) foi encontrado um tanque de água com 5 m de largura, provavelmente construído em meados do séc. I d.C. Tem sido considerada também a hipótese de ter havido um culto das águas, ao qual o culto imperial parecia estar relacionado através de ritos de cariz aquático. Tem como modelo o templo republicano de Luni, em Itália.

Proporções
O Comprimento do templo devia ser de modo que fosse o dobro da sua largura. Por sua vez a cela deveria ser uma quarta parte mais comprida que larga incluindo as paredes onde se colocam os batentes das portas. Quanto ao intercolúnio, é um elemento fundamental no cálculo das proporções, adequando-as a um equilíbrio estético maior.

Arquitrave e friso
Outro caso particular na Hispânia e que acontece também em Évora, é o caso de os silhares do friso, não assentarem totalmente na arquitrave, mas apenas em certos pontos específicos especialmente sobre as colunas. Nos cantos os silhares são compridos, atingindo os 3,50m de modo a abranger duas colunas, enquanto que nas outras zonas se utilizaram silhares mais pequenos, com lados inclinados de modo a servirem de apoio ao silhar central. É uma espécie de arco plano ou adintelado, empregado pelos romanos em edifícios de culto, como é exemplo disso, a Maison Carrée, da época de Augusto, e no grande templo Castorum no fórum Romanum, em Roma da época de Cláudio.

CONCLUSÃO
Em conclusão, podemos dizer que o fórum, embora não tenha sido escavado na sua totalidade, daquilo que se conhece em resultado das campanhas arqueológicas teria um total de 120 metros de comprimento, por 60 metros de largura, além de que, os fragmentos das lajes in situ permitem estabelecer a cota exacta da praça.
De acordo com os responsáveis pelas intervenções arqueológicas, os materiais cerâmicos encontrados aos níveis da praça, são datados da época flaviana, o que leva a supor que a data da grande praça seria desta época.
Contudo, o Templo é anterior, talvez da época de Augusto, ainda que possa ter sido restaurado em época posterior, sendo dedicado ao culto do Imperador. Além disso, o templo acabou por sobreviver especialmente graças à reutilização que os antigos eborenses foram dando às suas monumentais ruínas ao longo dos séculos, facto que, em contrapartida contribuiu para as grandes transformações que o edifício entretanto sofreria.
Pelos vistos chegaram até nós, apenas alguns sinais da riqueza e monumentalidade de Évora, pois no decurso da história foram-se edificando outras cidades, sobre esta; a Évora islâmica, a medieval, a renascentista e a Évora actual.
Usamos como base muitos dos relatórios arqueológicos, artigos e outras publicações disponíveis sobre o tema, mas também fizemos algumas entrevistas e confirmamos medidas no local. Na impossiblidade de conferir alguns dos dados, usamos como base de trabalho, o que foi publicado.
Ficamos na expectativa, que outras campanhas de escavações arqueológicas, ponham a descoberto qualquer outro achado, como algum fragmento da cornija, a placa dedicatória ou outro elemento que venha lançar mais luz sobre o templo e por conseguinte, sobre o foro e a cidade romana em geral.
Porém, procuramos fazer uma reconstituição do templo em maqueta de madeira à escala de 1:50, com base nos elementos agora conhecidos. Esta maqueta da qual apresentamos algumas fotografias estará acessível num espaço de exposição da cidade de Évora.

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