domingo, 18 de janeiro de 2009

TEMPLO ROMANO DE ÉVORA

É consensual que o templo romano de Évora tem sido até hoje o ex-libris da cidade. Se quisermos abordar a origem, a evolução e a história da cidade ou a romanização da região e do país é incontornável falar do templo romano de Liberalitas Iulia Ebora.
Assim, não cremos ser necessário fundamentar o interesse por esta obra romana, aqui encarada simultaneamente como objecto arqueológico e como obra de arte. Basta-nos ter em conta que a cidade de Évora é Património da Humanidade e que grande parte dos estudos que analisam a cidade sob o ponto de vista da ocupação romana, têm a ruína do templo como vector principal na sua abordagem.
Apesar de estar parcialmente em pé, trata-se de um dos templos romanos da Hispânia melhor conservados. O magnífico estado de conservação das suas ruínas, só pode ser explicado pelo amplo e contínuo uso ao longo dos séculos, tornando evidente que esta cidade teve um passado relevante.
Por isso, muitos se aproximam destas ruínas para o estudo da ocupação romana tanto em Portugal como em toda a Península Ibérica. Porém, quando se investiga verifica-se, que as informações para lá de serem escassas, são na maioria dos casos repetitivas. Exceptuam-se alguns artigos de natureza académica e arqueológica, que fazem uma análise mais aprofundada. Foi especialmente com base nesses artigos que fizemos uma leitura analítica do templo romano do “fórum”, tendo como finalidade a sua reconstituição em maqueta.
Com efeito, já seria satisfatório se a produção duma maqueta e a produção deste comentário acerca dos aspectos mais destacados que estão relacionados com este objecto/espaço em sentido histórico e artístico, fizer despoletar o interesse dos eruditos e das autoridades para a produção de uma publicação que seja suficiente informativa e esclarecedora para os que desejam aprofundar os seus conhecimentos. Se é verdade que turistas, arqueólogos, historiadores e público em geral já têm suficiente interesse pelo templo, também é verdade que não dispõem de um livro específico sobre o monumento.
Temos consciência que as soluções adoptadas para algumas questões não cabalmente esclarecidas ou cientificamente estabelecidas poderão ser contestadas, mas tratam-se de proposições, sendo de admitir nestes casos outras propostas de solução, que se provem mais fundamentadas. Os desafios implícitos numa reconstituição não nos impediram de fazer propostas e prosseguir na execução da maqueta, antes serviram como motivação adicional para avançar, considerando que pelo menos poderia propiciar uma discussão construtiva em direcção à “verdade” histórica.
As principais questões que se colocam quando falamos do templo são: Quando foi construído e por quem? A que divindade era consagrado? Era pré-existente ao espaço urbano, ou foi construído como parte da praça designada como fórum numa fundação ex-nihilo? A resposta a estas questões determinam ou pelo menos interferem na reconstituição arquitectónica a que nos propusemos e todas se relacionam com a cronologia e a romanização do território. Com este artigo iniciamos uma série de artigos relacionados com Évora, o templo e a romanização da cidade.

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